O livro de Gálatas
contra à Torah?
A interpretação clássica do Cristianismo é que o livro de Gálatas indica que ninguém é capaz de cumprir os mandamentos da Torah com perfeição e que se tentarmos fazê-lo, seremos amaldiçoados. O grande abuso que existe do texto, que é completamente retirado do seu contexto original, fica evidente quando pensamos a respeito dos pontos abaixo:
AS ESCRITURAS CONTRADIZEM-SE?
Só existe uma forma coerente de interpretar as escrituras: a de harmonizar os textos, e não colocá-los em antagonismo. Portanto, se uma determinada passagem parece contradizer uma revelação anterior, temos que rever a leitura que estamos a fazer de tal passagem. Portanto, a única interpretação aceitável do Novo Testamento é aquela na qual o mesmo não entra em contradição com o Velho Testamento.
Desta forma, surge a pergunta: será que Paulo quis mesmo dizer que a Torah não deveria mais ser cumprida, sendo que o Eterno disse que a Torah permaneceria para sempre? Vamos analisar esta premissa.
- Posso casar-me com a minha irmã?
- Somos mesmo obrigados a dar o dízimo?
Qual seria a resposta se perguntássemos a um pastor cristão se podemos casar com um irmão de sangue? Isso são preceitos da Torah, mas a verdade é que nada é dito no Novo Testamento que nos diga que não podemos nos casar com irmãos de sangue ou que ainda devemos dar o dízimo, logo se a Torah para muitos crentes foi abolida, à partida essas coisas seriam lícitas, certo?
PAULO AMALDIÇOOU TIMÓTEO?
Ora, se de facto o livro de Gálatas diz-nos que a circuncisão é maldição, então porque é que Paulo amaldiçoou Timóteo? (At. 16:3).
Esta pergunta já começa a dar indícios de que, ou Paulo não era uma pessoa confiável (mas sabemos que o era), ou o acto de circuncidar ou não, por si só, não era o tema que Paulo tratava em Gálatas.
Paulo era hipócrita?
Ao atentarmos para a “jornada” de Paulo, percebemos uma grande contradição (isto é, se ele realmente fosse aquilo que o Cristianismo descreve):
- Ano 48-49 EC – Paulo escreve o livro de Gálatas
- Ano 50 EC – Ocorre o Concílio de Jerusalém (At. 15) e Paulo declara-se cumpridor da Torah.
Ao lermos At. 15:1-2 temos uma “dica” relativamente ao verdadeiro objectivo da carta aos Gálatas e o que estava a acontecer naquela época:
Alguns homens desceram da Judeia para Antioquia e passaram a ensinar aos irmãos: “Se vocês não forem circuncidados conforme o costume ensinado por Moisés, não poderão ser salvos”.
Isto levou Paulo e Barnabé a uma grande contenda e discussão com eles. Assim, Paulo e Barnabé foram designados, juntamente com outros, para irem a Jerusalém tratar dessa questão com os apóstolos e os presbíteros. Pelo que podemos observar aqui nesta passagem, a grande questão não era cumprir ou não a Torah, mas sim exigi-la para fins de salvação.
O BATISMO SALVA?
Isto é semelhante à discussão sobre se o baptismo salva ou não. Infelizmente, existem ainda grupos que insistem na heresia de que o baptismo é necessário para a salvação. Não pretendo aqui alongar-me nesta discussão, até porque a maioria dos seguidores de Yeshua não crê desta forma, simplesmente quero destacar que o baptismo significa o nosso reconhecimento e arrependimento da culpa pelo sangue derramado por Yeshua, e a adopção de uma nova conduta de vida, como novas criaturas.
Contudo, se eu escrever uma carta a dizer de que somos salvos pela fé, e não pelo baptismo, isto quer dizer que prego contra o baptismo? Claro que não! A questão é a seguinte: em quem confio para a minha salvação? Confio no meu baptismo? Ou confio no sacrifício de Yeshua? Isto faz toda a diferença! Se eu pratico o baptismo da forma correcta, em mim não pode haver condenação, pois sigo uma ordenança de Yeshua.
Ora, com a observância da Torah a mesma coisa ocorre. Cumprimos os mandamentos do Eterno por amor ao Seu Filho. (Jo. 14:21) O segredo para a observância correcta da Torah está, novamente, no livro de Actos:
“Por meio dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam ser justificados pela Torah de Moisés.” (At. 13:39)
Ou seja, a Torah não é eficaz para nos justificar, pois não somos capazes de cumpri-la plenamente. Porém, ao sermos justificados, nós confirmamos que agora temos um novo coração, capaz de amar ao Eterno e por amor a Ele querer andar de acordo com os ensinamentos da Torah, que foram dados por Ele:
Anulamos então a Torah pela fé? De modo nenhum! Pelo contrário, confirmamos a Torah. (Rom. 3:31)
FILHOS DE ABRAÃO?
Em vários momentos da história, o Eterno fez alianças com o povo, ou com indivíduos. Existe uma grande diferença entre a “aliança de Abraão” e a “aliança de Moisés”.
Até aos tempos de Yeshua, havia grande discussão entre os judeus, sobre como é que os gentios poderiam tornar-se co-herdeiros de Abraão. Ficou estabelecido pelo Sinédrio que os gentios se tornariam co-herdeiros se passassem por um ritual de conversão (ou seja, falando resumidamente, pela circuncisão). É em Abraão, não em Moisés, que serão benditas todas as nações. E como entramos na aliança de Abraão? Pela fé!
A aliança de Moisés é uma aliança para uma vida de santidade. Porém, ela não tem o poder de nos libertar de nossa natureza pecadora. Um dos motivos pelos quais ela foi dada foi exactamente para nos mostrar que sem termos parte na aliança de Abraão, é em vão fazer parte da aliança de Moisés. Uma pequena ilustração ajudará a entender: imaginemos que estamos doentes, de cama. O pecado é a nossa doença. Por estarmos doentes, não conseguimos sair da cama (ou seja, somos escravos do pecado). Agora imagine que a você, estando doente de cama, alguém o quer ensinar a andar de bicicleta. Estas “instruções” de como andar são a Torah. Você vai tentar, e vai perceber que está de cama. Se você não tomar o remédio (Yeshua) não conseguirá sair da cama, muito menos andar de bicicleta.
Ou seja, de nada adianta tentarmos cumprir a Torah sem termos antes sido salvos em Yeshua. Será, na melhor das hipóteses, um exercício de futilidade. É contra isto que Paulo fala. O alerta em Gálatas é de que temos que confiar no remédio para sairmos da cama, ou seja, temos que confiar em Yeshua para sermos salvos.
UMA ALIANÇA NÃO ANULA A OUTRA
Se nós somos participantes na “aliança de Abraão”, podemos também tomar parte na “aliança de Moisés”. Não mais como filhos de Hagar (escravos), mas como filhos de Sara, libertados pelo sangue de Yeshua e com sede de obediência ao Eterno, pois agora somos servos da justiça do Eterno.
LIVRES DE QUÊ?
Mas então porque é que Gálatas parece dizer que estamos livres da Torah? A resposta é, estamos livres sim, mas não dos preceitos da Torah. Afinal, ninguém concordaria em dizer que estamos livres para pecar (Rom. 3 explica bem esta questão). Na realidade, estamos livres da condenação que havia, por todas as vezes (ainda que inconscientemente) que nos desviamos da Torah! Afinal, o não-cumprimento da Torah levava à morte. Porém, Yeshua tomou sobre si a morte, de modo que não cumprimos a Torah por termos receio da separação do Eterno, mas cumprimo-la sim por amor a Ele, fazendo jus ao mandamento principal. Porque sabemos que Ele, na sua infinita sabedoria, nos deu instruções que contêm o que é melhor para nós.
Basta ver que a cada dia a ciência comprova cada vez mais que há sabedoria por trás do estilo de vida defendido na Torah (i.e. o descanso semanal, uma alimentação saudável, etc.).
ESTOU LIVRE?
Estamos, e como cidadãos livres, livres da ameaça de morrer e ficar longe de YHWH, agora podemos escolher o nosso caminho. E eu escolho aquele que YHWH tem por ideal e que transmitiu a todos nós através de Moisés.
Cabe, então, a cada um de nós analisar e tomar a decisão.
QUEM FOI PAULO?
Será que Paulo foi um judeu que negou as suas raízes e que se converteu a uma nova religião, e contradisse as revelações anteriores dadas por o Eterno, e disse que estamos livres de algo que nem mesmo o Filho de YHWH ousou abolir, e que usou “artifícios” para atacar os judeus? Certo é que é assim que Paulo é visto, seja intencionalmente ou não. Mas será assim?
Ou será que Paulo foi um estudioso, formado segundo a escola de Gamaliel (neto de Hillel), que nunca negou o chamado de Israel, nem a Torah, mas foi apenas contra o legalismo, ou seja, contra a deturpação da Torah? Este Paulo de que vos falo, não contradiz nenhuma escritura anterior.
A escolha é de cada um.
A interpretação clássica do Cristianismo é que o livro de Gálatas indica que ninguém é capaz de cumprir os mandamentos da Torah com perfeição e que se tentarmos fazê-lo, seremos amaldiçoados. O grande abuso que existe do texto, que é completamente retirado do seu contexto original, fica evidente quando pensamos a respeito dos pontos abaixo:
AS ESCRITURAS CONTRADIZEM-SE?
Só existe uma forma coerente de interpretar as escrituras: a de harmonizar os textos, e não colocá-los em antagonismo. Portanto, se uma determinada passagem parece contradizer uma revelação anterior, temos que rever a leitura que estamos a fazer de tal passagem. Portanto, a única interpretação aceitável do Novo Testamento é aquela na qual o mesmo não entra em contradição com o Velho Testamento.
Desta forma, surge a pergunta: será que Paulo quis mesmo dizer que a Torah não deveria mais ser cumprida, sendo que o Eterno disse que a Torah permaneceria para sempre? Vamos analisar esta premissa.
- Posso casar-me com a minha irmã?
- Somos mesmo obrigados a dar o dízimo?
Qual seria a resposta se perguntássemos a um pastor cristão se podemos casar com um irmão de sangue? Isso são preceitos da Torah, mas a verdade é que nada é dito no Novo Testamento que nos diga que não podemos nos casar com irmãos de sangue ou que ainda devemos dar o dízimo, logo se a Torah para muitos crentes foi abolida, à partida essas coisas seriam lícitas, certo?
PAULO AMALDIÇOOU TIMÓTEO?
Ora, se de facto o livro de Gálatas diz-nos que a circuncisão é maldição, então porque é que Paulo amaldiçoou Timóteo? (At. 16:3).
Esta pergunta já começa a dar indícios de que, ou Paulo não era uma pessoa confiável (mas sabemos que o era), ou o acto de circuncidar ou não, por si só, não era o tema que Paulo tratava em Gálatas.
Paulo era hipócrita?
Ao atentarmos para a “jornada” de Paulo, percebemos uma grande contradição (isto é, se ele realmente fosse aquilo que o Cristianismo descreve):
- Ano 48-49 EC – Paulo escreve o livro de Gálatas
- Ano 50 EC – Ocorre o Concílio de Jerusalém (At. 15) e Paulo declara-se cumpridor da Torah.
Ao lermos At. 15:1-2 temos uma “dica” relativamente ao verdadeiro objectivo da carta aos Gálatas e o que estava a acontecer naquela época:
Alguns homens desceram da Judeia para Antioquia e passaram a ensinar aos irmãos: “Se vocês não forem circuncidados conforme o costume ensinado por Moisés, não poderão ser salvos”.
Isto levou Paulo e Barnabé a uma grande contenda e discussão com eles. Assim, Paulo e Barnabé foram designados, juntamente com outros, para irem a Jerusalém tratar dessa questão com os apóstolos e os presbíteros. Pelo que podemos observar aqui nesta passagem, a grande questão não era cumprir ou não a Torah, mas sim exigi-la para fins de salvação.
O BATISMO SALVA?
Isto é semelhante à discussão sobre se o baptismo salva ou não. Infelizmente, existem ainda grupos que insistem na heresia de que o baptismo é necessário para a salvação. Não pretendo aqui alongar-me nesta discussão, até porque a maioria dos seguidores de Yeshua não crê desta forma, simplesmente quero destacar que o baptismo significa o nosso reconhecimento e arrependimento da culpa pelo sangue derramado por Yeshua, e a adopção de uma nova conduta de vida, como novas criaturas.
Contudo, se eu escrever uma carta a dizer de que somos salvos pela fé, e não pelo baptismo, isto quer dizer que prego contra o baptismo? Claro que não! A questão é a seguinte: em quem confio para a minha salvação? Confio no meu baptismo? Ou confio no sacrifício de Yeshua? Isto faz toda a diferença! Se eu pratico o baptismo da forma correcta, em mim não pode haver condenação, pois sigo uma ordenança de Yeshua.
Ora, com a observância da Torah a mesma coisa ocorre. Cumprimos os mandamentos do Eterno por amor ao Seu Filho. (Jo. 14:21) O segredo para a observância correcta da Torah está, novamente, no livro de Actos:
“Por meio dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam ser justificados pela Torah de Moisés.” (At. 13:39)
Ou seja, a Torah não é eficaz para nos justificar, pois não somos capazes de cumpri-la plenamente. Porém, ao sermos justificados, nós confirmamos que agora temos um novo coração, capaz de amar ao Eterno e por amor a Ele querer andar de acordo com os ensinamentos da Torah, que foram dados por Ele:
Anulamos então a Torah pela fé? De modo nenhum! Pelo contrário, confirmamos a Torah. (Rom. 3:31)
FILHOS DE ABRAÃO?
Em vários momentos da história, o Eterno fez alianças com o povo, ou com indivíduos. Existe uma grande diferença entre a “aliança de Abraão” e a “aliança de Moisés”.
Até aos tempos de Yeshua, havia grande discussão entre os judeus, sobre como é que os gentios poderiam tornar-se co-herdeiros de Abraão. Ficou estabelecido pelo Sinédrio que os gentios se tornariam co-herdeiros se passassem por um ritual de conversão (ou seja, falando resumidamente, pela circuncisão). É em Abraão, não em Moisés, que serão benditas todas as nações. E como entramos na aliança de Abraão? Pela fé!
A aliança de Moisés é uma aliança para uma vida de santidade. Porém, ela não tem o poder de nos libertar de nossa natureza pecadora. Um dos motivos pelos quais ela foi dada foi exactamente para nos mostrar que sem termos parte na aliança de Abraão, é em vão fazer parte da aliança de Moisés. Uma pequena ilustração ajudará a entender: imaginemos que estamos doentes, de cama. O pecado é a nossa doença. Por estarmos doentes, não conseguimos sair da cama (ou seja, somos escravos do pecado). Agora imagine que a você, estando doente de cama, alguém o quer ensinar a andar de bicicleta. Estas “instruções” de como andar são a Torah. Você vai tentar, e vai perceber que está de cama. Se você não tomar o remédio (Yeshua) não conseguirá sair da cama, muito menos andar de bicicleta.
Ou seja, de nada adianta tentarmos cumprir a Torah sem termos antes sido salvos em Yeshua. Será, na melhor das hipóteses, um exercício de futilidade. É contra isto que Paulo fala. O alerta em Gálatas é de que temos que confiar no remédio para sairmos da cama, ou seja, temos que confiar em Yeshua para sermos salvos.
UMA ALIANÇA NÃO ANULA A OUTRA
Se nós somos participantes na “aliança de Abraão”, podemos também tomar parte na “aliança de Moisés”. Não mais como filhos de Hagar (escravos), mas como filhos de Sara, libertados pelo sangue de Yeshua e com sede de obediência ao Eterno, pois agora somos servos da justiça do Eterno.
LIVRES DE QUÊ?
Mas então porque é que Gálatas parece dizer que estamos livres da Torah? A resposta é, estamos livres sim, mas não dos preceitos da Torah. Afinal, ninguém concordaria em dizer que estamos livres para pecar (Rom. 3 explica bem esta questão). Na realidade, estamos livres da condenação que havia, por todas as vezes (ainda que inconscientemente) que nos desviamos da Torah! Afinal, o não-cumprimento da Torah levava à morte. Porém, Yeshua tomou sobre si a morte, de modo que não cumprimos a Torah por termos receio da separação do Eterno, mas cumprimo-la sim por amor a Ele, fazendo jus ao mandamento principal. Porque sabemos que Ele, na sua infinita sabedoria, nos deu instruções que contêm o que é melhor para nós.
Basta ver que a cada dia a ciência comprova cada vez mais que há sabedoria por trás do estilo de vida defendido na Torah (i.e. o descanso semanal, uma alimentação saudável, etc.).
ESTOU LIVRE?
Estamos, e como cidadãos livres, livres da ameaça de morrer e ficar longe de YHWH, agora podemos escolher o nosso caminho. E eu escolho aquele que YHWH tem por ideal e que transmitiu a todos nós através de Moisés.
Cabe, então, a cada um de nós analisar e tomar a decisão.
QUEM FOI PAULO?
Será que Paulo foi um judeu que negou as suas raízes e que se converteu a uma nova religião, e contradisse as revelações anteriores dadas por o Eterno, e disse que estamos livres de algo que nem mesmo o Filho de YHWH ousou abolir, e que usou “artifícios” para atacar os judeus? Certo é que é assim que Paulo é visto, seja intencionalmente ou não. Mas será assim?
Ou será que Paulo foi um estudioso, formado segundo a escola de Gamaliel (neto de Hillel), que nunca negou o chamado de Israel, nem a Torah, mas foi apenas contra o legalismo, ou seja, contra a deturpação da Torah? Este Paulo de que vos falo, não contradiz nenhuma escritura anterior.
A escolha é de cada um.