As mulheres devem estar caladas? Análise a 2Cor. 14:34-35 e 1Tim. 2:11-12

Análise de S'haul Bentsion (Israelitas do Caminho)
Uma das passagens mais difíceis de digerir nas Escrituras é onde supostamente Paulo ordena que as mulheres calem a boca. Por muito tempo, eu mesmo me senti bastante desconfortável com tal passagem, procurando entender o contexto de modo a tentar esclarecer o que aparentava ser uma demonstração de machismo por parte de Paulo.
O texto romano diz:
“As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.” (1Cor. 14:34-35 – Almeida, do Grego)
Além do evidente machismo, há duas coisas que não batem aqui com o restante das Escrituras. A primeira é que a Torá nunca ordenou que as mulheres ficassem caladas. A segunda é o desencorajar as mulheres a quererem aprender da Palavra nas congregações. A própria atitude de Yeshua é contrária a isso. Será que o aramaico tem algo a ensinar? Poderia o tradutor grego fazer alguma leitura equivocada do aramaico?
A resposta é sim! E o problema encontra-se em quatro expressões do aramaico, que o tradutor grego, talvez por desconhecer a cultura semita, se equivoca ao traduzir.
A primeira delas é “shatiycan”, traduzida pelo grego como “calar-se”. O problema é que “shatiycan” não significa calar-se, mas sim acalmar-se. É uma expressão usada particularmente para quando alguém está exaltado.
A segunda é “d'anmalan”, que é uma expressão rara no aramaico bíblico, e que é traduzida pelo grego como “falar”. Porém, é melhor entendida como um “falar exaltadamente”. Esta expressão ainda vem junto com “aela”, que significa “lamentar em voz alta”. Temos, portanto, “d'anmalan aela” como um “bate-boca” Ou seja, as mulheres de Corinto não estavam falando ou indagando normalmente, mas sim estavam batendo boca.
A terceira é “d'shalan l'bayelaehin”, que pode significar “perguntar ao marido”, mas também “ter paz com o marido.” Dentro do contexto de “d'anmalan”, vemos que a tradução que mais cabe é de facto “ter paz com o marido.”
Por fim, temos a expressão “d'nialpan” que pode ser traduzida como “aprender” ou “ensinar”. O grego opta por “aprender”, reduzindo o aprendizado a mulher ao lar, o que contraria as Escrituras. Porém, se entendermos aqui “d'nialpan” como “ensinar”, temos Sha'ul (Paulo) dizendo para as mulheres (dentro do contexto acima): Se querem ensinar alguma coisa, tende paz. Ou seja, ninguém consegue ensinar nada discutindo exaltadamente. Muito mais razoável para o contexto.
Reparem também que o contexto do versículo anterior, que fala de confusão nas congregações como não procedendo do Eterno também favorece a leitura aramaica, em detrimento da grega.
Entendida a sucessão de trapalhadas do tradutor grego, responsáveis por algumas das piores atitudes machistas nas congregações, temos a tradução literal a partir do aramaico:
“por que Elohim não é Elohim de confusão, mas sim de shalom. Como em todas as kehilot dos santos, mulheres: fiquem calmas na kehilá. Não é portanto permitido brigar, conforme afirma a Torá. Se desejarem ensinar algo em vossos lares, tende paz com vossos maridos. Vergonhosa é para a kehilá a briga.” (1 Coríntios 14:33-35 do aramaico - Teshuvá 2a. Edição)
Vergonhosa é a briga, e não a mulher que anseia por aprender da Palavra.
Louvado seja o seu nome, porque Ele nos mostra a verdade!
Outra passagem
Outra passagem extremamente controversa encontra-se na primeira carta de Sha’ul (Paulo) a Timóteo, no segundo capítulo.
Lemos o seguinte na versão protestante da Bíblia:
“A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.” (1 Timóteo 2:11-12, Almeida – do Grego)
Essa passagem também tem sido usada para convencer as mulheres a se sujeitarem ao jugo da dominação masculina. Curioso seria que Sha’ul (Paulo) dissesse que não é lícito que uma mulher domine sobre um homem (no sentido de ser sobre ele), quando temos na história de Israel pessoas como D’vorah (Débora), que foi juíza sobre o povo.
Será que Paulo estava indo contra o Tanach?
Também não é verdade que tal tendência tenha vindo do Judaísmo, pois como já estudamos aqui, as mulheres eram extremamente activas na comunidade primitiva. Mas então, o que será que diz o aramaico?
Segue a passagem literal:
“an'taa b'shelyaa hoat yalp'aa b'kul shuobedad l'an'taa geir l'malapuo loa mepas ana l'mamrachuo eal ga'bra aela t'hoea” (1 Timóteo 2:11-12 – Peshitta)
A tradução literal, palavra por palavra, seria:
“esposa com calma seja ensinar em tudo com alegria à esposa portanto convencer eu não ouse trazer homem queixa fique calma”
Arrumando a frase, temos a seguinte tradução a partir do aramaico:
“Seja todo o ensinar da esposa com calma e com alegria. Estou convencido, portanto, que a esposa não deve trazer queixa do marido, mas deve ficar calma” (1 Timóteo 2:11-12 – Teshuvá 2ª Edição – A partir do aramaico)
Agora reparem no contexto. Logo acima desse texto, Sha’ul (Paulo) fala sobre sobriedade na congregação.
O que então estava a passar-se na comunidade???
As mulheres estavam a aproveitar-se do momento em que tinham a palavra para ensinar, e traziam a público queixas dos seus maridos. O ensinar estava a ser usado como uma desculpa para deitar pedras no marido, e tentar obter aprovação da congregação no assunto. Isso porque possivelmente as mulheres tinham pouca voz activa dentro de casa, e por isso queriam usar a congregação para tentarem prevalecer em seus argumentos.
Aliás, isso é algo que é possível ver mesmo hoje em dia. A recomendação de Sha’ul (Paulo) é clara: tenham calma no ensinar, e evitem difamar-se uns aos outros. Em suma, poderíamos resumir com o famoso ditado que temos no português: “roupa suja lava-se em casa”.
Em nenhum momento o aramaico dá qualquer indício de que Sha’ul (Paulo) teria mandado as mulheres aprenderem caladas. Até porque, no contexto semita, faz parte e é considerada saudável a exposição e o debate dos textos, onde todos são encorajados a participarem.
Infelizmente, o grego contribuiu para que o machismo fosse justificado por tal tradução odiosa.
Baruch HaShem porque o Eterno nos revela a verdade!
Uma das passagens mais difíceis de digerir nas Escrituras é onde supostamente Paulo ordena que as mulheres calem a boca. Por muito tempo, eu mesmo me senti bastante desconfortável com tal passagem, procurando entender o contexto de modo a tentar esclarecer o que aparentava ser uma demonstração de machismo por parte de Paulo.
O texto romano diz:
“As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.” (1Cor. 14:34-35 – Almeida, do Grego)
Além do evidente machismo, há duas coisas que não batem aqui com o restante das Escrituras. A primeira é que a Torá nunca ordenou que as mulheres ficassem caladas. A segunda é o desencorajar as mulheres a quererem aprender da Palavra nas congregações. A própria atitude de Yeshua é contrária a isso. Será que o aramaico tem algo a ensinar? Poderia o tradutor grego fazer alguma leitura equivocada do aramaico?
A resposta é sim! E o problema encontra-se em quatro expressões do aramaico, que o tradutor grego, talvez por desconhecer a cultura semita, se equivoca ao traduzir.
A primeira delas é “shatiycan”, traduzida pelo grego como “calar-se”. O problema é que “shatiycan” não significa calar-se, mas sim acalmar-se. É uma expressão usada particularmente para quando alguém está exaltado.
A segunda é “d'anmalan”, que é uma expressão rara no aramaico bíblico, e que é traduzida pelo grego como “falar”. Porém, é melhor entendida como um “falar exaltadamente”. Esta expressão ainda vem junto com “aela”, que significa “lamentar em voz alta”. Temos, portanto, “d'anmalan aela” como um “bate-boca” Ou seja, as mulheres de Corinto não estavam falando ou indagando normalmente, mas sim estavam batendo boca.
A terceira é “d'shalan l'bayelaehin”, que pode significar “perguntar ao marido”, mas também “ter paz com o marido.” Dentro do contexto de “d'anmalan”, vemos que a tradução que mais cabe é de facto “ter paz com o marido.”
Por fim, temos a expressão “d'nialpan” que pode ser traduzida como “aprender” ou “ensinar”. O grego opta por “aprender”, reduzindo o aprendizado a mulher ao lar, o que contraria as Escrituras. Porém, se entendermos aqui “d'nialpan” como “ensinar”, temos Sha'ul (Paulo) dizendo para as mulheres (dentro do contexto acima): Se querem ensinar alguma coisa, tende paz. Ou seja, ninguém consegue ensinar nada discutindo exaltadamente. Muito mais razoável para o contexto.
Reparem também que o contexto do versículo anterior, que fala de confusão nas congregações como não procedendo do Eterno também favorece a leitura aramaica, em detrimento da grega.
Entendida a sucessão de trapalhadas do tradutor grego, responsáveis por algumas das piores atitudes machistas nas congregações, temos a tradução literal a partir do aramaico:
“por que Elohim não é Elohim de confusão, mas sim de shalom. Como em todas as kehilot dos santos, mulheres: fiquem calmas na kehilá. Não é portanto permitido brigar, conforme afirma a Torá. Se desejarem ensinar algo em vossos lares, tende paz com vossos maridos. Vergonhosa é para a kehilá a briga.” (1 Coríntios 14:33-35 do aramaico - Teshuvá 2a. Edição)
Vergonhosa é a briga, e não a mulher que anseia por aprender da Palavra.
Louvado seja o seu nome, porque Ele nos mostra a verdade!
Outra passagem
Outra passagem extremamente controversa encontra-se na primeira carta de Sha’ul (Paulo) a Timóteo, no segundo capítulo.
Lemos o seguinte na versão protestante da Bíblia:
“A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.” (1 Timóteo 2:11-12, Almeida – do Grego)
Essa passagem também tem sido usada para convencer as mulheres a se sujeitarem ao jugo da dominação masculina. Curioso seria que Sha’ul (Paulo) dissesse que não é lícito que uma mulher domine sobre um homem (no sentido de ser sobre ele), quando temos na história de Israel pessoas como D’vorah (Débora), que foi juíza sobre o povo.
Será que Paulo estava indo contra o Tanach?
Também não é verdade que tal tendência tenha vindo do Judaísmo, pois como já estudamos aqui, as mulheres eram extremamente activas na comunidade primitiva. Mas então, o que será que diz o aramaico?
Segue a passagem literal:
“an'taa b'shelyaa hoat yalp'aa b'kul shuobedad l'an'taa geir l'malapuo loa mepas ana l'mamrachuo eal ga'bra aela t'hoea” (1 Timóteo 2:11-12 – Peshitta)
A tradução literal, palavra por palavra, seria:
“esposa com calma seja ensinar em tudo com alegria à esposa portanto convencer eu não ouse trazer homem queixa fique calma”
Arrumando a frase, temos a seguinte tradução a partir do aramaico:
“Seja todo o ensinar da esposa com calma e com alegria. Estou convencido, portanto, que a esposa não deve trazer queixa do marido, mas deve ficar calma” (1 Timóteo 2:11-12 – Teshuvá 2ª Edição – A partir do aramaico)
Agora reparem no contexto. Logo acima desse texto, Sha’ul (Paulo) fala sobre sobriedade na congregação.
O que então estava a passar-se na comunidade???
As mulheres estavam a aproveitar-se do momento em que tinham a palavra para ensinar, e traziam a público queixas dos seus maridos. O ensinar estava a ser usado como uma desculpa para deitar pedras no marido, e tentar obter aprovação da congregação no assunto. Isso porque possivelmente as mulheres tinham pouca voz activa dentro de casa, e por isso queriam usar a congregação para tentarem prevalecer em seus argumentos.
Aliás, isso é algo que é possível ver mesmo hoje em dia. A recomendação de Sha’ul (Paulo) é clara: tenham calma no ensinar, e evitem difamar-se uns aos outros. Em suma, poderíamos resumir com o famoso ditado que temos no português: “roupa suja lava-se em casa”.
Em nenhum momento o aramaico dá qualquer indício de que Sha’ul (Paulo) teria mandado as mulheres aprenderem caladas. Até porque, no contexto semita, faz parte e é considerada saudável a exposição e o debate dos textos, onde todos são encorajados a participarem.
Infelizmente, o grego contribuiu para que o machismo fosse justificado por tal tradução odiosa.
Baruch HaShem porque o Eterno nos revela a verdade!