Um Contrato Matrimonial entre YHWH e Israel
“Também guardarás a festa das
semanas, que é a festa das primícias da sega do trigo…” Êxodo 34:22
“Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara iniciarás a contar as sete semanas. Depois celebrarás a festa das semanas a YHWH teu Elohim; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo YHWH teu Elohim te houver abençoado.” Deuteronómio 16:9-10
O ômer
O período chamado “o ômer” começa no dia seguinte ao sábado semanal que cai dentro da semana da Páscoa (Pêssach) e continua até ao Pentecostes. A Torá instrui-nos a contar sete semanas a partir do dia em que apresentamos a oferta do ômer, como está escrito:
“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos a YHWH. Das vossas habitações trareis dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são a YHWH (...) E naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; estatuto perpétuo é em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.” Levítico 23:15-17; 21.
O período compreendido entre a primeira oferta movida e o Pentecostes, veio a ser conhecido como o ômer, em virtude da contagem de 50 dias que é feita. De facto, O Pentecostes não tem uma data fixa no calendário Bíblico, uma vez que cai no dia seguinte ao término da contagem do ômer – ou seja, o quinquagésimo dia após a apresentação da oferta do ômer.
A Cerimónia da Contagem do Ômer
Existiu uma grande controvérsia entre os rabinos e várias seitas judaicas relativamente à interpretação do significado da expressão: “o dia seguinte ao sábado”. Devido ao facto de existir em português um estudo bastante profundo sobre o tema em questão, faremos de seguida apenas um resumo. Caso pretendam consultar esse estudo façam clique neste link: http://www.kol-shofar.org/estudos/77_Contagem%20para%20o%20Pentecostes_v3.pdf
De acordo com os rabinos, o sábado refere-se, não ao sábado semanal, mas sim ao primeiro dia da festa dos pães asmos, que na medida em que é um dia também de descanso, à semelhança do sábado semanal, também é chamado de sábado. Ou seja, o dia 15 de Nissan, que é o primeiro dia dos Pães Asmos, o qual o Eterno designou como sendo um grande sábado. Por esta razão, tradicionalmente a contagem do ômer é iniciada a partir do dia seguinte ao primeiro dia da Festa dos Asmos (o dia seguinte ao sábado anual). Por outro lado, vários grupos, começando pelos saduceus do primeiro século, e continuando com os caraítas nos dias hoje, interpretam que a palavra sábado se refere ao sábado semanal que cai na semana da Páscoa/Festa dos Pães Asmos, ou seja, o sábado que cai no decurso dos sete dias dos pães asmos. O que implica que a festa de Shavuot (Pentecostes), o 50º dia cairá sempre a um Domingo.
Yeshua após ressuscitar no final do sábado semanal, pela manhã do primeiro dia da semana, aquando do encontro com Maria Madalena, sobe ao pai como representação das primícias da colheita da cevada. Como tal, podemos ver que a interpretação dos saduceus era a correcta, apesar de parte das suas doutrinas não estarem em harmonia com a Palavra Bíblica. No entanto, isso não é motivo para rejeitarmos a interpretação destes, pois por outro lado, a outra interpretação era por parte dos Fariseus, que tal como os saduceus, tinham muitas ideias contrárias à doutrina Bíblica, como nos mostram vários versículos dos Escritos apostólicos. Além da leitura do estudo que citámos há pouco, recomendamos também a leitura deste breve resumo em que se aborda ambas as posições defendidas :
http://emunah-a-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/2-_estudo_pentecostes_reunio.pdf
Entendimento Histórico de Pentecostes (Shavuot)
Cerca de três meses depois dos judeus saírem do Egipto, chegaram ao deserto do Sinai e acamparam em frente ao Monte. YHWH disse então a Moisés que reunisse os israelitas para receber a Torá (Êxodo 19:1-8). Os israelitas responderam: tudo o que YHWH nos disser assim faremos”. Em hebraico, estas palavras lêem-se Na’aseh V’Nishmah, que significa: “estamos de acordo em fazer mesmo sem ainda ter ouvido”.
Então Moisés deu-lhes dois dias para se purificarem, lavar as suas roupas e preparar-se para receber a Torá ao terceiro dia. Ao mesmo tempo, Moisés advertiu-os que não se aproximassem muito do Monte Sinai. Desde manhã cedo, nuvens espessas começaram a cobrir o cimo da montanha. Ouviam-se e viam-se com frequência trovões e relâmpagos. O som do shofar (corno de carneiro usado como trombeta) fez-se ouvir e o cimo da montanha se cobriu de fogo e de fumo. Os israelitas que estavam junto ao Monte Sinai maravilharam-se com aquilo a que assistiam (Êxodo 19:9.19). Moisés então subiu sozinho à montanha e, ao aproximar-se do cimo, uma potente voz anunciou os Dez Mandamentos (Êxodo 19:20-25; 20:1-21).
Desenvolvimento Posterior da Festa
Esta festa, é vista tradicionalmente de diferentes formas. Uma delas é considerá-la como a etapa final do Período da Páscoa (Pêssach). Por outro lado é vista como uma festa independente, uma vez que se celebra a revelação de YHWH no Monte Sinai. Além disso, é contada como uma das três festas de peregrinação (Deut. 16:16). Não obstante, desde que foi escrito o Targum (tradução aramaica das Escrituras no século II da Era Comum) que o Pentecostes é conhecido na tradição rabínica pelo nome de Atzeret. A palavra atzeret no hebraico significa “conclusão”. Essa palavra é usada também como referência ao dia que encerra a Festa das/os Cabanas/Tabernáculos, o Oitavo e Último grande dia “Shemini Atzeret” (Núm. 29:35), o que de certa forma parece indicar “permanece comigo [com o Eterno] mais um dia”. Como tal, entende-se que atzeret é a parte final ou conclusiva de uma festa. Portanto, O Pentecostes é considerado como o fecho do ciclo iniciado na Páscoa, e o fecho do ciclo das Solenidades da Primavera. A relação que existe entre a Páscoa (saída do Egipto) e a Festa de Pentecostes (a outorga da Lei) é a contagem do ômer, que serve como uma corrente de ligação/uma ponte entre ambas as festas.
Uma vez que o Pentecostes culmina com o fim da contagem do ômer ao cabo de cinquenta dias (entre o dia seguinte ao sábado semanal na semana da Páscoa e o Pentecostes), também é conhecido como já vimos por Atzeret, ou conclusão da Páscoa. No sentido espiritual, os crentes no Messias Yeshua estão também a sair do Egipto (uma figura do sistema mundano e dos caminhos do pecado) e dirigem-se para o deserto (o regresso ao caminho da Verdade e da Vida), esperando ansiosamente o dia em que verão a YHWH no Monte Sinai (Êxodo 3:12; Mateus 5:8).
Ali no Monte Sinai (sentido espiritual), YHWH se revelará a nós para sempre. Para todos os crentes em Yeshua, a Torá que foi dada no Monte Sinai representa a Palavra de YHWH, ou seja, Toda a Escritura Divinamente inspirada. O crente em Yeshua experimenta espiritualmente o Pentecostes quando o Espírito de YHWH (Ruach haKodesh) lhe revela a Palavra de uma forma mais profunda e poderosa e o entendimento e o desejo pela Bíblia se incrementa da mesma forma.
Os Temas do Pentecostes
A Nova Revelação
Um dos temas do Pentecostes, é a nova revelação da vontade do Eterno (Levítico 23:15-16; 21). Dois eventos históricos de crucial importância sucederam neste dia.
1. A entrega dos Dez Mandamentos que são um resumo da Torá.
Dois Grandes Mandamentos resumem a Perfeita Vontade de YHWH, o Amor a Ele e o Amor ao Próximo; no entanto estes dois grandes mandamentos desdobram-se em Dez, que por sua vez, estes Dez desdombra-se na totalidade da Torá. Uns não substituem os outros, são um todo. Devemos ressalvar que a palavra hebraica Torá, comumente traduzida para o português como “lei”, no idioma hebraico não significa “lei”, mas sim “instrução”; “ensino”. Ao compreender isto, podemos ver que esta não é um código de coisas proibidas e permitidas, nem deve ser vista dessa forma pelos gentios. Deve sim, ser considerada como a instrução e ensinamentos que YHWH nos deu para que O possamos entender melhor, e saber como nos desviarmos do pecado, visto que o pecado é a transgressão da Torá. Três dias após chegarem ao Sinai, YHWH visitou o Seu povo (Êxodo 19:10-17). Este dia é visto tradicionalmente como sendo o dia de Pentecostes, e o dia em que o Eterno deu a Torá a Moisés.
2. O derramamento do Espírito de Santidade (Ruach HaKodesh)
Yeshua ressuscitou no final de Sábado, momentos antes do dia da Festa das Primícias (Bikkurim), como vimos no capítulo anterior. Cinquenta dias depois da ressurreição de Yeshua, o Espírito de Santidade (Ruach HaKodesh) desceu para habitar nos corações e nas vidas de todos os crentes em Yeshua (Actos 1:8; 2:1-18; Lucas 24:49; Joel 2:28-29; Êxodo 19:16; Isaías 44:3; Deuterómio 16:5-6,16; 2 Reis 21:4).
Shavuot como uma Boda: Um Contrato Matrimonial
Uma das imagens mais belas de Shavuot (Festa das Semanas / Pentecostes) é o de uma cerimónia matrimonial entre Elohim (o noivo) e Israel (a noiva). O serviço matrimonial bíblico que Elohim instituiu (Romanos 9:4; Hebreus 9:1; 1 Crónicas 28:11-12), é composto por duas etapas. A primeira é o compromisso, chamado erusin em hebraico. O contrato escrito é chamado ketubah. Durante a cerimónia do compromisso, já são considerados legalmente casados, mas ainda não vivem juntos, é uma espécie de noivado, comprometerem-se a algo. O compromisso é considerado legalmente vinculante, ao ponto de que para se sair do compromisso, é necessário um divórcio, chamado get em hebraico.
De facto, ao aprofundarmo-nos no hebraico, podemos constatar que o compromisso é legalmente vinculante. Para YHWH o hebraico é um idioma puro (Sofonias 3:9) e permite-nos entender verdades espirituais mais profundas na Palavra.
Nos Escritos Apostólicos (Novo Testamento), podemos ver que Yosef (José) estava comprometido com Myriam (Maria) quando o anjo Gabriel anunciou a Myriam que esta teria um filho e chamá-lo-ia de Yeshua, concebido pelo Espírito de Santidade de YHWH, e que este viria a ser o Messias (Lc. 1:26-35). Quando Yosef descobriu que a sua prometida (esposa) Myriam estava à espera de um filho, decidiu obter uma carta de divórcio (get) até que entretanto o anjo do Eterno o fez mudar de ideias quando lhe apareceu num sonho (Mat. 1:18-20). O compromisso matrimonial está mencionado na Torá em Êxodo 21:8; Levítico 19:20; Deuteronómio 20:7; 22:23. A segunda etapa do matrimónio é a consumação deste, conhecida em hebraico por nesu’in. A Bíblia diz-nos em Jeremias 2:2 que no Monte Sinais, YHWH comprometeu-se com Israel:
“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz YHWH: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava.”
Em Êxodo 19, quando YHWH levou até ao Monte Sinai os filhos de Israel, guiados por Moisés, YHWH comprometeu-se com Israel. No Monte Sinai, entrega a Torá a Israel (Êx. 20:1-21). Nesse momento, ficou estabelecido o contrato matrimonial escrito com Israel, chamado ketubah. Este representa o livro do pacto (o casamento é um pacto) que delineava as obrigações que tinham que cumprir, da mesma forma que o contrato de casamento descreve as obrigações entre marido e mulher. Assim, YHWH fez um contrato matrimonial com Israel em Êxodo 19:3-7. Em Êxodo 19:2, Israel acampa diante de YHWH, que de certa forma, demonstra que todo o povo se converteu como um todo. Este é um requisito absolutamente necessário num matrimónio (Génesis 2:24; Efésios 5:31).
Contudo, quando Moisés desce do Monte, ele quebrou as duas tábuas (ketubah) que estavam na sua mão (Êx. 32:19), sem ter firmado o contrato que YHWH tinha feito com Israel. Portanto não permitiu que Israel consumasse o matrimónio com YHWH. Moisés partiu as duas tábuas quando viu que Israel estava a adorar o bezerro de ouro, sendo infiel no seu matrimónio. Que significado tem a boda relativamente ao Messias Yeshua e qual a aplicação pessoal disso? O Messias Yeshua é o noivo e os crentes no Messias são a noiva. Quando Yeshua veio à terra à mais de 2000 anos, Ele veo para que todo aquele que depositasse a sua confiança e fé (emunah) nEle, se casasse com Ele para sempre. Isto incluiria tanto judeus como gentios (João 3:16), Uma vez que Yeshua veio como o Messias sofredor na sua primeira vinda, Ele teve que ascender ao céu para estar com YHWH até regressar novamente como Rei Governador e Vitorioso. Hoje em dia, Yeshua não habita fisicamente com aqueles que nEle confiam. Portanto, os crentes no Messias Yeshua devem considerar que estão comprometidos espiritualmente com Ele. Nós podemos entrar numa relação matrimonial completa e habitar com Ele durante a Era Messiânica (Milénio). Contudo, antes que possamos viver com Ele durante o Milénio na Terra, devemos primeiro passar pela cerimónia matrimonial na qual os crentes em Yeshua se desposarão com Ele.
O Derramamento do Espírito Santo de YHWH (Ruach HaKodesh)
Em Êxodo 19:19, fez-se ouvir uma trombeta. A trombeta (shofar) soava cada vez mais forte. Exodo 19:19 diz: “…E o som da trombeta ia crescendo cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta.” e também 20:18: “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o som da trombeta, e o monte fumegando”
Um comentário rabínico das Escrituras diz o seguinte:
“Quando YHWH entregou a Torá no Sinai, falou a todos os cantos do mundo. Vejamos que o texto não diz o relâmpago, mas sim os relâmpagos, o que se interpreta que ao pronunciar-se, dividiu-se e manifestou-se em setenta vozes, em setenta idiomas ou línguas, para que todas as nações pudessem vir a entender…” Midrash Êxodo Rabbah 5:9.
Em Deuteronómio 32:8 está escrito: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel.”. E em Êxodo 1:1-5 podemos ler que o número dos filhos de Israel que chegaram ao Egipto era de setenta. Portanto, as 70 vozes são interpretadas como sendo todas as nações do mundo, baseando em Deut. 32:8 e Êxodo 1:1-5. Dessa forma, considerava-se que ao manifestar a sua voz em 70 línguas de todos os povos da terra, estava a ser dado testemunho a toda a humanidade.
Isto que descrevemos que sucedeu no Monte Sinai, também ocorreu 50 dias depois da ressurreição de Yeshua no dia de Pentecostes, à cerca de 2000 anos atrás. Esta experiência é descrita em Actos 2:1-11. Nesse Pentecostes, o grupo de pessoas também era como um só (Actos 2:1-2; Êx. 19:2). Quando YHWH derramou o Seu Santo Espírito nesse dia, as pessoas falaram também os diferentes idiomas do mundo (Actos 2:1-11). Portanto, podemos ver que o Pentecostes no Monte Sinai é uma sombra do Pentecostes que sucederia após a ressurreição de Yeshua.
A Primeira Trombeta de YHWH
Novamente em Êxodo 19:19, soou uma trombeta (shofar). Esta trombeta (shofar) soava cada vez mais forte. A trombeta que YHWH fez soar no Monte Sinai é vista como um (o primeiro) dos dois chifres do cordeiro que estava presente no Monte Moriá no sacrifício que Abraão (Avraham) iria fazer de Isaque (Yitzchak) en Génesis 22.
A leitura de Génesis 22 é uma das mais importantes para o povo de Israel. O tema deste capítulo inclui o sacrifício de Isaac, e o célebre diálogo entre Abraão e Isaque: “Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho”. De facto, YHWH proveria o Cordeiro que seria sacrificado no lugar de Isaac, Yeshua, o Seu Filho Unigénito, o Cordeiro de YHWH que tira o pecado do mundo (João 1:29).
De facto Abraão sabia, e por isso disse: Deus proverá. Yeshua referiu-se a isso mesmo em João 8:56 como está escrito: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.” O que foi que viu Abraão? Que aconteceu no monte Moriá? Abraão recebeu as instruções de YHWH de levar a Isaque ao Monte Moriá e sacrificá-lo ali (Gén. 22:2). Os dois primeiros templos foram construídos em Jerusalém no Monte Moriá (2 Crónicas 3:1). Foi em Jerusalém, nas imediações do Monte Moriá que Yeshua foi crucificado no madeiro. Em Génesis 22:4 Abraão pôde ver que no futuro Yeshua seria sacrificado naquele lugar. Quando Abraão ia sacrificar Isaque, ele tinha fé que YHWH ressuscitaria Isaque dos mortos. Isto pode ver-se em Génesis 22:5 e está de acordo com Hebreus 11:17-18.
Assim, podemos ver que Abraão era uma figura de YHWH e Isaque uma figura de Yeshua, o Messias. Abraão iria oferecer o seu único filho (Gén. 22:2) da mesma forma que YHWH ofereceu o Seu Unigénito Filho em expiação da humanidade (João 3:16). No lugar de Isaque Abraão ofereceu um carneiro (Gén. 22:13). A palavra traduzida como “detrás dele” em hebraico é achar, que significa mais tarde ou no futuro. Portanto, este texto tem um sentido mais profundo, e mostra que era a isso que Yeshua se referia em João 8:56. Um dos chifrer (shofar) do carneiro que estava preso no arbusto é chamado de primeira trombeta (shofar) e o corno direito do carneiro é chamado a última trombeta (shofar).
Entendimento Espiritual de Shavuot (Pentecostes)
Com a entrega da Torá no Monte Sinai, veio associado o sacerdócio levita, o sistema de sacrifícios, o tabernáculo, os sábados, as festas, a leis cívis e cerimoniais e os Dez Mandamentos (Êx. 19:17,20; 20:1,21-22; 21:1-2,12; 22:1,16; 23:10-11,14; 24:1-8,12,18; 25:1,8-9,40; 28:1; 31:12-18; 32:1; 34:27-28; Hebreus 8:1-6; 9:1-12,15,18-24; 10:1,10; 13:20). Isto foi nos dado por YHWH como uma sombra de coisas por vir (Hebreus 10:1) para ensinarmos (Gálatas 3:24) acerca do Messias Yeshua e a obra de redenção de YHWH (Actos 7:38). O que foi entregue no Monte Sinai veio de YHWH, mas foi mostrado de uma forma física (Hebreos 9:1) para ajudar-nos a entender as verdades espirituais que YHWH nos queria transmitir (1 Pedro 2:5-9). Portanto, YHWH deu a Israel o pacto, a Torá, os serviços, os oráculos e as promessas (Romanos 9:4-5; 3:2), que eram divinos (Hebreos 9:1), no Monte Sinai, para ensinar acerca do Messias (Salmo 40:7). Com isto em mente, vejamos as lições espirituais que YHWH nos estava a transmitir no Pentecostes
1- Dois Pães com Levedura para Oferta Movida (Levítico 23:15-17).
Esta devia ser uma nova oferta para YHWH (Lev. 23:16; Núm. 28:26). Deviam ser preparados dois pães levedados como oferta movida. Na Páscoa era proibido o fermento (Êx. 12:15; 19-20) e na oferta de grão tampouco de permitia (Levítico 2:1,4-5, 11). Como sabemos que o fermento representa o pecado (1 Corintios 5:6-8; Gálatas 5:9). A Páscoa e a Festa dos Pães Asmos apontavam para a morte de Yeshua, que não tinha pecado.
Não obstante, em Shavuot (Pentecostes), YHWH ordena pão fermentado, justamente o oposto. Porquê? Vejamos, Shavuot (Pentecostes) fala-nos acerca do nascimento de Israel como uma nação fiel ao Eterno, assim como o nascimento da congregação (igreja) de crentes em Yeshua através do Espírito de Santidade. Os dois pães simbolizam os naturais e os enxertados. Enquanto a Páscoa aponta para Yeshua que é sem pecado, o Pentecostes fala-nos de Israel no qual ainda existe pecado. Dois são os pães da oferta, e o número dois nas escrituras representa o número de testemunhas ou de testemunho. Vejamos que nós temos dois testemunhos de fé que no fundo são um, a Torá e o Testemunho de Yeshua, que é como dizer, a Torá Escrita dada por Moisés, e a Torá Viva manifestada na Pessoa de Yeshua.
Na Bíblia a verdade é estabelecida com o testemunho de duas testemunhas (Mat. 18:19-20; Deut. 19:15; João 5:30-33; 36-37; Luc. 24:44; 1 Jo. 5:8; Ap. 12:11; 11:3). Os Dez Mandamentos foram gravados em duas tábuas de pedra (Êx. 31:18). Também a Torám, que é resumida em Dez Mandamentos se cumpre quando se obedecem a dois mandamentos (Mat. 22:34-40). O Messias e o Seu povo testificam o amor e o plano de YHWH para toda a humanidade. A oferta de grão devia ser consumida pelo fogo sobre o altar. O fogo é usado para eliminar o pecado da vida dos crentes no Messias (1 Coríntios 3:13-15; 1 Pedro 1:7). Como a nossa carnalidade não suporta o fogo, somos imersos na água do batismo para limpar os nossos pecados conforme o que nos diz o mandamento da Torá (Números 31:23), mas isso implica que haja uma predisposição interna no nosso coração para reconhecermos que somos pecadores e que haja arrependimento por isso. É exigido aos verdadeiros crentes que vivam uma vida justa diante de YHWH (Deut. 16:20; 30:6; 30:19; Efésios 4:17-32; 5:1-13; Efésios 6:3; Colossenses 3:1-3; Romanos 8:1-4). É pois, necessário um caminho de santificação, sem o qual ninguém verá Elohim (Hebreus 12:14).
2. Duas dízimas de farinha fina (Levítico 23:17)
Para produzir farinha fina, esta deve ser moída. A farinha fina refere-se ao processo de refinação pela qual a nossa fé deve passar através de provas, tentações e sofrimento, para que possamos alcançar a imagem do Messias Yeshua (Zacarias 13:9; Romanos 5:3-5; 8:29,35-39; 2 Corintios 1:3-11; 1 Pedro 1:7; 4:12-19; Apocalipse 3:18).
Yeshua era de facto o trigo que foi plantado na terra (João 12:24; 1 Coríntios 15:35-38,42-44) o primeiro a ser colhido (a ressuscitar) entre muitos. Como o trigo é moído e refinado para converter-se em farinha fina, da mesma forma o Messias foi moído e golpeado para se converter nessa farinha fina (Isaías 28:28; 52:14; 53:1-6; Salmos 81:16; 147:14).
3. Santos serão a YHWH para o sacerdote (Levítico 23:20)
Ainda que os dois pães movidos tivessem levedura, YHWH conotou-os como santos para o sacerdote. Como mencionámos anteriormente, os dois pães movidos que o sacerdote movia representavam os ramos naturais e enxertados da Oliveira (Israel). Apesar de Israel ser pecador, tanto naturais como os enxertados procuram servir e amar a YHWH de todo o seu coração, e por essa razão somos considerados santos diante de YHWH (Deut. 7:6-8; 14:2; Lucas 1:68; 72-75; Efésios 51:4; 5:27; Colos. 1:22-24; 1 Tess. 4:7; Tito 2:12; 1 Pedro 1:15-16).
4. Um Estatuto Perpétuo (Levítico 23:21)
O Espírito Santo veio habitar no coração dos Crentes para sempre (João 14:16-17). Portanto os crentes devem viver uma contínua experiência do Pentecostes, diariamente.
5. A Festa da Colheita dos Primeiros Frutos (Êxodo 23:16; 34:22; Números 28:26)
Shavuot é chamado de Festa das Semanas, a Festa da Colheita ou a Festa das Primícias ou Primeiros Frutos. Durante a semana da Páscoa (Pêssach), era feita a colheita da cevada e em Shavuot (Pentecostes), era feita a colheita do trigo (Êxodo 34:22; Rute 1:22; 2:23; Joel 1:11).
Israel era chamado a terra da cevada e do trigo (Deuteronómio 8:7-8; 2 Crónicas 2:15; Jeremias 41:8). À colheita da primavera da cevada e do trigo, segue-se a grande colheita no outono. Tanto as colheitas da primavera como as de outono, dependia das chuvas virem no tempo apropriado. A chuva de outono é chamada temporã, a de primavera é chamada chuva serôdia. A chuva temporã é mencionada em Deuteronómio 11:10-15; 28:12; Levítico 26:4; Joel 2:23,28-29; e Zacarias 10:1.
A chuva é profética do derramamento do Espírito de Santidade sobre as vidas daquelas pessoas, que aceitam Yeshua nas suas vidas e permitem que o Espírito Santo lhes ensite e as instrua nos caminhos do Eterno.
A chuva temporã e serôdia também nos ensina sobre o derramamento do Espírito de Elohim de forma geral sobre toda a carne. A temporã refere-se ao derramamento do Espírito Santo durante a primeira vinda de Yeshua e a serôdia do derramamento do Espírito Santo durante a segunda vinda de Yeshua.
Como podemos constatar, a colheita refere-se à salvação das pessoas. A colheita da primavera marca o início da colheita das pessoas que receberam Yeshua como o Messias, sendo a grande colheita no final desta era (Mat. 13:39; 9:37-38; Marcos 4:29). A colheita de outono ou a colheita do final da presente era (Olam Hazeh), levar-se-á a cabo no sétimo mês do calendário de YHWH. O Pentecostes cai na primavera. Entre Shavuot (Pentecostes) e a colheita final no outono passam cerca de quatro meses (João 4:34-35). A colheita do outono é a colheita dos frutos.
YHWH disse que a vinda de Yeshua seria como a chuva temporã e a chuva serôdia sobre a terra (Oseias 6:1-3; Joel 2:23). Tiago relaciona a vinda de Yeshua com a chuva temporã e a chuva serôdia (Tiago 5:7).
A morte, sepultura e ressurreição de Yeshua sucedeu na primavera; assim como o derramamento do Espírito de Santidade, e todos aqueles que creram constituem os primeiros frutos da colheita e são parte da colheita da primavera. A segunda vinda de Yeshua será durante o Outono e um grande número de pessoas crerá entretanto. Yeshua falou acerca desta grande colheita no final da era presente (Olam Hazeh) em Mateus 13:39; 24:13-14 e Apocalipse 14:6, 15-16. Uma colheita de ofertas voluntárias (Deut. 16:9-11, 16-17).
Como crentes em Yeshua, quando nos apresentamos diante de YHWH, devemos dar de nós mesmos, incluindo o nosso tempo, talentos e bens e apresenta-los diante dEle com um coração circunciso (Actos 4:32-37; 1 Coríntios 16:1-2; 2 Coríntios 8:9).
A Conclusão das Festas da Primeira
Com esta festa concluem-se as festas da primavera. As Festas além de terem sido ordenadas por YHWH, são eventos históricos para a nação de Israel; que se cumpriram no Messias Yeshua; e descrevem também a forma que o crente deve caminhar e viver a sua vida diante de YHWH. Por outras palavras, podemos ver que YHWH tem um plano para que cada indivíduo se possa aproximar dEle voluntariamente. Assim, as festas da primavera não são apenas históricas, mas servem também como figuras e exemplos (1 Cor. 10:1-2, 6, 11).
Para Israel, a Páscoa simboliza a libertação do Egipto e a redenção de Israel. A Festa dos Pães Asmos representa a saída da terra do Egipto através da passagem pelo Mar Vermelho (batismo) e na Nuvem no deserto (1 Cor. 10:1-2). Finalmente YHWH levou o povo ao Sinai onde eles experienciaram o Pentecostes onde YHWH se revelou a Si mesmo, ao povo numa forma mais profunda do que antes.
Da mesma forma, as Festas da Primavera foram cumpridas em Yeshua. O Messias, o verdadeiro cordeiro Pascal, morreu na Páscoa, a 14 de Abib. Ele não tinha pecado (sem mancha ou defeito) e é o Pão da Vida. Yeshua ressuscita como representação das Primícias da colheita da cevada, sendo o primeiro daqueles que irão ressuscitar dos mortos e receber o corpo ressurecto e incorruptível. Finalmente, o Espírito de Santidade foi derramado sobre todos os presentes naquela festa de Pentecostes para que todos os crentes no Messias se unissem para formar parte de uma colheita espiritual na primavera. Estas festas descrevem em detalhe os eventos significativos que se deram durante a primeira vinda de Yeshua, quando veio como Messias sofredor para redimir o homem e a terra e devolver-lhes o estado em que se encontravam antes da queda do homem, a reconciliação com YHWH. Da mesma forma, vemos que as festas de outono apresentam-nos uma perspectiva e entendimento acerca dos acontecimentos que devem ocorrer na segunda vinda de Yeshua. Então, Ele regressará como Rei dos Reis e verá à terra como o Messias que todos esperam, aquele que reinará com justiça sobre toda a terra durante o Milénio.
Cada vez que uma pessoa recebe Yeshua como o Messias e como seu próprio Salvador, passa espiritualmente pela Páscoa. Então, deve fugir do Egipto (o sistema corrupto e iníquo do mundo) e depositar a sua fé e confiança no Messias, o Cordeiro de YHWH e permitir que este entre no seu coração. Como crentes devemos então procurar viver uma vida santa diante de YHWH e comer pães não fermentados. Assim como Yeshua se levantou dos mortos, nós devemos considerar a nossa anterior forma de viver como morta, e experimentar uma nova vida no Messias. Uma vez que o façamos, podemos ser batizados no Espírito, e partilhar desse Espírito (a unção) nas nossas vidas. Nesse momento, YHHW começara a trabalhar no nosso coração, e guiar-nos-á numa viagem espiritual através do deserto da vida.
Mesmo que tenhamos desilusões amargas e problemas na nossa vida, se lograrmos manter a nossa vida virada para YHWH, Ele levar-nos-á de Pêssach (Páscoa) ao Shavuot (Pentecostes), onde Ele nos revelará os Seus caminhos e a Sua Palavra, as Sagradas Escrituras, de uma forma mais profunda e progressiva. Ao manter a nossa visão firme no Messias, YHWH não só nos revelará a Sua Palavra, de uma forma profunda, mas também refinará a nossa fé como farinha fina, tal como se faz com o trigo. Enquanto isso, se depositarmos a nossa fé em Yeshua através da nossa travessia espiritual no deserto da vida, uma vez que refina a nossa fé e se revela a nós de uma forma mais profunda, a nossa viagem espiritual não terá o seu final do deserto da vida. Bem melhor, YHWH levar-nos-á adiante para que possamos experimentar as festas de outono, e cheguemos à terra prometida espiritualmente. Quando experienciamos as festas de outono de uma forma espiritual, especialmente a festa dos tabernáculos (sukkot) e chegamos à terra prometida espiritual, então YHWH abençoará as nossas vidas de uma forma incrível, desde que vivamos para Ele e que o sirvamos. Então poderemos experimentar o maior gozo que jamais tivemos na nossa vida. Disto se trata a festa dos tabernáculos. É chamada “a época de regozijo” e esse regozijo é o que devemos esperar quando aprendemos acerca das Festas de YHWH, o Plano de redenção de YHWH para a humanidade. SHALOM.
A FESTA DE PENTECOSTES NESTE ANO DE 2013 cai no dia 19/05/2013 (50 dias após as prímicias da cevada), este é um Dia Solene de Santa Convocação e de repouso.
Shalom
“Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara iniciarás a contar as sete semanas. Depois celebrarás a festa das semanas a YHWH teu Elohim; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo YHWH teu Elohim te houver abençoado.” Deuteronómio 16:9-10
O ômer
O período chamado “o ômer” começa no dia seguinte ao sábado semanal que cai dentro da semana da Páscoa (Pêssach) e continua até ao Pentecostes. A Torá instrui-nos a contar sete semanas a partir do dia em que apresentamos a oferta do ômer, como está escrito:
“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos a YHWH. Das vossas habitações trareis dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são a YHWH (...) E naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; estatuto perpétuo é em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.” Levítico 23:15-17; 21.
O período compreendido entre a primeira oferta movida e o Pentecostes, veio a ser conhecido como o ômer, em virtude da contagem de 50 dias que é feita. De facto, O Pentecostes não tem uma data fixa no calendário Bíblico, uma vez que cai no dia seguinte ao término da contagem do ômer – ou seja, o quinquagésimo dia após a apresentação da oferta do ômer.
A Cerimónia da Contagem do Ômer
Existiu uma grande controvérsia entre os rabinos e várias seitas judaicas relativamente à interpretação do significado da expressão: “o dia seguinte ao sábado”. Devido ao facto de existir em português um estudo bastante profundo sobre o tema em questão, faremos de seguida apenas um resumo. Caso pretendam consultar esse estudo façam clique neste link: http://www.kol-shofar.org/estudos/77_Contagem%20para%20o%20Pentecostes_v3.pdf
De acordo com os rabinos, o sábado refere-se, não ao sábado semanal, mas sim ao primeiro dia da festa dos pães asmos, que na medida em que é um dia também de descanso, à semelhança do sábado semanal, também é chamado de sábado. Ou seja, o dia 15 de Nissan, que é o primeiro dia dos Pães Asmos, o qual o Eterno designou como sendo um grande sábado. Por esta razão, tradicionalmente a contagem do ômer é iniciada a partir do dia seguinte ao primeiro dia da Festa dos Asmos (o dia seguinte ao sábado anual). Por outro lado, vários grupos, começando pelos saduceus do primeiro século, e continuando com os caraítas nos dias hoje, interpretam que a palavra sábado se refere ao sábado semanal que cai na semana da Páscoa/Festa dos Pães Asmos, ou seja, o sábado que cai no decurso dos sete dias dos pães asmos. O que implica que a festa de Shavuot (Pentecostes), o 50º dia cairá sempre a um Domingo.
Yeshua após ressuscitar no final do sábado semanal, pela manhã do primeiro dia da semana, aquando do encontro com Maria Madalena, sobe ao pai como representação das primícias da colheita da cevada. Como tal, podemos ver que a interpretação dos saduceus era a correcta, apesar de parte das suas doutrinas não estarem em harmonia com a Palavra Bíblica. No entanto, isso não é motivo para rejeitarmos a interpretação destes, pois por outro lado, a outra interpretação era por parte dos Fariseus, que tal como os saduceus, tinham muitas ideias contrárias à doutrina Bíblica, como nos mostram vários versículos dos Escritos apostólicos. Além da leitura do estudo que citámos há pouco, recomendamos também a leitura deste breve resumo em que se aborda ambas as posições defendidas :
http://emunah-a-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/2-_estudo_pentecostes_reunio.pdf
Entendimento Histórico de Pentecostes (Shavuot)
Cerca de três meses depois dos judeus saírem do Egipto, chegaram ao deserto do Sinai e acamparam em frente ao Monte. YHWH disse então a Moisés que reunisse os israelitas para receber a Torá (Êxodo 19:1-8). Os israelitas responderam: tudo o que YHWH nos disser assim faremos”. Em hebraico, estas palavras lêem-se Na’aseh V’Nishmah, que significa: “estamos de acordo em fazer mesmo sem ainda ter ouvido”.
Então Moisés deu-lhes dois dias para se purificarem, lavar as suas roupas e preparar-se para receber a Torá ao terceiro dia. Ao mesmo tempo, Moisés advertiu-os que não se aproximassem muito do Monte Sinai. Desde manhã cedo, nuvens espessas começaram a cobrir o cimo da montanha. Ouviam-se e viam-se com frequência trovões e relâmpagos. O som do shofar (corno de carneiro usado como trombeta) fez-se ouvir e o cimo da montanha se cobriu de fogo e de fumo. Os israelitas que estavam junto ao Monte Sinai maravilharam-se com aquilo a que assistiam (Êxodo 19:9.19). Moisés então subiu sozinho à montanha e, ao aproximar-se do cimo, uma potente voz anunciou os Dez Mandamentos (Êxodo 19:20-25; 20:1-21).
Desenvolvimento Posterior da Festa
Esta festa, é vista tradicionalmente de diferentes formas. Uma delas é considerá-la como a etapa final do Período da Páscoa (Pêssach). Por outro lado é vista como uma festa independente, uma vez que se celebra a revelação de YHWH no Monte Sinai. Além disso, é contada como uma das três festas de peregrinação (Deut. 16:16). Não obstante, desde que foi escrito o Targum (tradução aramaica das Escrituras no século II da Era Comum) que o Pentecostes é conhecido na tradição rabínica pelo nome de Atzeret. A palavra atzeret no hebraico significa “conclusão”. Essa palavra é usada também como referência ao dia que encerra a Festa das/os Cabanas/Tabernáculos, o Oitavo e Último grande dia “Shemini Atzeret” (Núm. 29:35), o que de certa forma parece indicar “permanece comigo [com o Eterno] mais um dia”. Como tal, entende-se que atzeret é a parte final ou conclusiva de uma festa. Portanto, O Pentecostes é considerado como o fecho do ciclo iniciado na Páscoa, e o fecho do ciclo das Solenidades da Primavera. A relação que existe entre a Páscoa (saída do Egipto) e a Festa de Pentecostes (a outorga da Lei) é a contagem do ômer, que serve como uma corrente de ligação/uma ponte entre ambas as festas.
Uma vez que o Pentecostes culmina com o fim da contagem do ômer ao cabo de cinquenta dias (entre o dia seguinte ao sábado semanal na semana da Páscoa e o Pentecostes), também é conhecido como já vimos por Atzeret, ou conclusão da Páscoa. No sentido espiritual, os crentes no Messias Yeshua estão também a sair do Egipto (uma figura do sistema mundano e dos caminhos do pecado) e dirigem-se para o deserto (o regresso ao caminho da Verdade e da Vida), esperando ansiosamente o dia em que verão a YHWH no Monte Sinai (Êxodo 3:12; Mateus 5:8).
Ali no Monte Sinai (sentido espiritual), YHWH se revelará a nós para sempre. Para todos os crentes em Yeshua, a Torá que foi dada no Monte Sinai representa a Palavra de YHWH, ou seja, Toda a Escritura Divinamente inspirada. O crente em Yeshua experimenta espiritualmente o Pentecostes quando o Espírito de YHWH (Ruach haKodesh) lhe revela a Palavra de uma forma mais profunda e poderosa e o entendimento e o desejo pela Bíblia se incrementa da mesma forma.
Os Temas do Pentecostes
A Nova Revelação
Um dos temas do Pentecostes, é a nova revelação da vontade do Eterno (Levítico 23:15-16; 21). Dois eventos históricos de crucial importância sucederam neste dia.
1. A entrega dos Dez Mandamentos que são um resumo da Torá.
Dois Grandes Mandamentos resumem a Perfeita Vontade de YHWH, o Amor a Ele e o Amor ao Próximo; no entanto estes dois grandes mandamentos desdobram-se em Dez, que por sua vez, estes Dez desdombra-se na totalidade da Torá. Uns não substituem os outros, são um todo. Devemos ressalvar que a palavra hebraica Torá, comumente traduzida para o português como “lei”, no idioma hebraico não significa “lei”, mas sim “instrução”; “ensino”. Ao compreender isto, podemos ver que esta não é um código de coisas proibidas e permitidas, nem deve ser vista dessa forma pelos gentios. Deve sim, ser considerada como a instrução e ensinamentos que YHWH nos deu para que O possamos entender melhor, e saber como nos desviarmos do pecado, visto que o pecado é a transgressão da Torá. Três dias após chegarem ao Sinai, YHWH visitou o Seu povo (Êxodo 19:10-17). Este dia é visto tradicionalmente como sendo o dia de Pentecostes, e o dia em que o Eterno deu a Torá a Moisés.
2. O derramamento do Espírito de Santidade (Ruach HaKodesh)
Yeshua ressuscitou no final de Sábado, momentos antes do dia da Festa das Primícias (Bikkurim), como vimos no capítulo anterior. Cinquenta dias depois da ressurreição de Yeshua, o Espírito de Santidade (Ruach HaKodesh) desceu para habitar nos corações e nas vidas de todos os crentes em Yeshua (Actos 1:8; 2:1-18; Lucas 24:49; Joel 2:28-29; Êxodo 19:16; Isaías 44:3; Deuterómio 16:5-6,16; 2 Reis 21:4).
Shavuot como uma Boda: Um Contrato Matrimonial
Uma das imagens mais belas de Shavuot (Festa das Semanas / Pentecostes) é o de uma cerimónia matrimonial entre Elohim (o noivo) e Israel (a noiva). O serviço matrimonial bíblico que Elohim instituiu (Romanos 9:4; Hebreus 9:1; 1 Crónicas 28:11-12), é composto por duas etapas. A primeira é o compromisso, chamado erusin em hebraico. O contrato escrito é chamado ketubah. Durante a cerimónia do compromisso, já são considerados legalmente casados, mas ainda não vivem juntos, é uma espécie de noivado, comprometerem-se a algo. O compromisso é considerado legalmente vinculante, ao ponto de que para se sair do compromisso, é necessário um divórcio, chamado get em hebraico.
De facto, ao aprofundarmo-nos no hebraico, podemos constatar que o compromisso é legalmente vinculante. Para YHWH o hebraico é um idioma puro (Sofonias 3:9) e permite-nos entender verdades espirituais mais profundas na Palavra.
Nos Escritos Apostólicos (Novo Testamento), podemos ver que Yosef (José) estava comprometido com Myriam (Maria) quando o anjo Gabriel anunciou a Myriam que esta teria um filho e chamá-lo-ia de Yeshua, concebido pelo Espírito de Santidade de YHWH, e que este viria a ser o Messias (Lc. 1:26-35). Quando Yosef descobriu que a sua prometida (esposa) Myriam estava à espera de um filho, decidiu obter uma carta de divórcio (get) até que entretanto o anjo do Eterno o fez mudar de ideias quando lhe apareceu num sonho (Mat. 1:18-20). O compromisso matrimonial está mencionado na Torá em Êxodo 21:8; Levítico 19:20; Deuteronómio 20:7; 22:23. A segunda etapa do matrimónio é a consumação deste, conhecida em hebraico por nesu’in. A Bíblia diz-nos em Jeremias 2:2 que no Monte Sinais, YHWH comprometeu-se com Israel:
“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz YHWH: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava.”
Em Êxodo 19, quando YHWH levou até ao Monte Sinai os filhos de Israel, guiados por Moisés, YHWH comprometeu-se com Israel. No Monte Sinai, entrega a Torá a Israel (Êx. 20:1-21). Nesse momento, ficou estabelecido o contrato matrimonial escrito com Israel, chamado ketubah. Este representa o livro do pacto (o casamento é um pacto) que delineava as obrigações que tinham que cumprir, da mesma forma que o contrato de casamento descreve as obrigações entre marido e mulher. Assim, YHWH fez um contrato matrimonial com Israel em Êxodo 19:3-7. Em Êxodo 19:2, Israel acampa diante de YHWH, que de certa forma, demonstra que todo o povo se converteu como um todo. Este é um requisito absolutamente necessário num matrimónio (Génesis 2:24; Efésios 5:31).
Contudo, quando Moisés desce do Monte, ele quebrou as duas tábuas (ketubah) que estavam na sua mão (Êx. 32:19), sem ter firmado o contrato que YHWH tinha feito com Israel. Portanto não permitiu que Israel consumasse o matrimónio com YHWH. Moisés partiu as duas tábuas quando viu que Israel estava a adorar o bezerro de ouro, sendo infiel no seu matrimónio. Que significado tem a boda relativamente ao Messias Yeshua e qual a aplicação pessoal disso? O Messias Yeshua é o noivo e os crentes no Messias são a noiva. Quando Yeshua veio à terra à mais de 2000 anos, Ele veo para que todo aquele que depositasse a sua confiança e fé (emunah) nEle, se casasse com Ele para sempre. Isto incluiria tanto judeus como gentios (João 3:16), Uma vez que Yeshua veio como o Messias sofredor na sua primeira vinda, Ele teve que ascender ao céu para estar com YHWH até regressar novamente como Rei Governador e Vitorioso. Hoje em dia, Yeshua não habita fisicamente com aqueles que nEle confiam. Portanto, os crentes no Messias Yeshua devem considerar que estão comprometidos espiritualmente com Ele. Nós podemos entrar numa relação matrimonial completa e habitar com Ele durante a Era Messiânica (Milénio). Contudo, antes que possamos viver com Ele durante o Milénio na Terra, devemos primeiro passar pela cerimónia matrimonial na qual os crentes em Yeshua se desposarão com Ele.
O Derramamento do Espírito Santo de YHWH (Ruach HaKodesh)
Em Êxodo 19:19, fez-se ouvir uma trombeta. A trombeta (shofar) soava cada vez mais forte. Exodo 19:19 diz: “…E o som da trombeta ia crescendo cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta.” e também 20:18: “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o som da trombeta, e o monte fumegando”
Um comentário rabínico das Escrituras diz o seguinte:
“Quando YHWH entregou a Torá no Sinai, falou a todos os cantos do mundo. Vejamos que o texto não diz o relâmpago, mas sim os relâmpagos, o que se interpreta que ao pronunciar-se, dividiu-se e manifestou-se em setenta vozes, em setenta idiomas ou línguas, para que todas as nações pudessem vir a entender…” Midrash Êxodo Rabbah 5:9.
Em Deuteronómio 32:8 está escrito: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel.”. E em Êxodo 1:1-5 podemos ler que o número dos filhos de Israel que chegaram ao Egipto era de setenta. Portanto, as 70 vozes são interpretadas como sendo todas as nações do mundo, baseando em Deut. 32:8 e Êxodo 1:1-5. Dessa forma, considerava-se que ao manifestar a sua voz em 70 línguas de todos os povos da terra, estava a ser dado testemunho a toda a humanidade.
Isto que descrevemos que sucedeu no Monte Sinai, também ocorreu 50 dias depois da ressurreição de Yeshua no dia de Pentecostes, à cerca de 2000 anos atrás. Esta experiência é descrita em Actos 2:1-11. Nesse Pentecostes, o grupo de pessoas também era como um só (Actos 2:1-2; Êx. 19:2). Quando YHWH derramou o Seu Santo Espírito nesse dia, as pessoas falaram também os diferentes idiomas do mundo (Actos 2:1-11). Portanto, podemos ver que o Pentecostes no Monte Sinai é uma sombra do Pentecostes que sucederia após a ressurreição de Yeshua.
A Primeira Trombeta de YHWH
Novamente em Êxodo 19:19, soou uma trombeta (shofar). Esta trombeta (shofar) soava cada vez mais forte. A trombeta que YHWH fez soar no Monte Sinai é vista como um (o primeiro) dos dois chifres do cordeiro que estava presente no Monte Moriá no sacrifício que Abraão (Avraham) iria fazer de Isaque (Yitzchak) en Génesis 22.
A leitura de Génesis 22 é uma das mais importantes para o povo de Israel. O tema deste capítulo inclui o sacrifício de Isaac, e o célebre diálogo entre Abraão e Isaque: “Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho”. De facto, YHWH proveria o Cordeiro que seria sacrificado no lugar de Isaac, Yeshua, o Seu Filho Unigénito, o Cordeiro de YHWH que tira o pecado do mundo (João 1:29).
De facto Abraão sabia, e por isso disse: Deus proverá. Yeshua referiu-se a isso mesmo em João 8:56 como está escrito: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.” O que foi que viu Abraão? Que aconteceu no monte Moriá? Abraão recebeu as instruções de YHWH de levar a Isaque ao Monte Moriá e sacrificá-lo ali (Gén. 22:2). Os dois primeiros templos foram construídos em Jerusalém no Monte Moriá (2 Crónicas 3:1). Foi em Jerusalém, nas imediações do Monte Moriá que Yeshua foi crucificado no madeiro. Em Génesis 22:4 Abraão pôde ver que no futuro Yeshua seria sacrificado naquele lugar. Quando Abraão ia sacrificar Isaque, ele tinha fé que YHWH ressuscitaria Isaque dos mortos. Isto pode ver-se em Génesis 22:5 e está de acordo com Hebreus 11:17-18.
Assim, podemos ver que Abraão era uma figura de YHWH e Isaque uma figura de Yeshua, o Messias. Abraão iria oferecer o seu único filho (Gén. 22:2) da mesma forma que YHWH ofereceu o Seu Unigénito Filho em expiação da humanidade (João 3:16). No lugar de Isaque Abraão ofereceu um carneiro (Gén. 22:13). A palavra traduzida como “detrás dele” em hebraico é achar, que significa mais tarde ou no futuro. Portanto, este texto tem um sentido mais profundo, e mostra que era a isso que Yeshua se referia em João 8:56. Um dos chifrer (shofar) do carneiro que estava preso no arbusto é chamado de primeira trombeta (shofar) e o corno direito do carneiro é chamado a última trombeta (shofar).
Entendimento Espiritual de Shavuot (Pentecostes)
Com a entrega da Torá no Monte Sinai, veio associado o sacerdócio levita, o sistema de sacrifícios, o tabernáculo, os sábados, as festas, a leis cívis e cerimoniais e os Dez Mandamentos (Êx. 19:17,20; 20:1,21-22; 21:1-2,12; 22:1,16; 23:10-11,14; 24:1-8,12,18; 25:1,8-9,40; 28:1; 31:12-18; 32:1; 34:27-28; Hebreus 8:1-6; 9:1-12,15,18-24; 10:1,10; 13:20). Isto foi nos dado por YHWH como uma sombra de coisas por vir (Hebreus 10:1) para ensinarmos (Gálatas 3:24) acerca do Messias Yeshua e a obra de redenção de YHWH (Actos 7:38). O que foi entregue no Monte Sinai veio de YHWH, mas foi mostrado de uma forma física (Hebreos 9:1) para ajudar-nos a entender as verdades espirituais que YHWH nos queria transmitir (1 Pedro 2:5-9). Portanto, YHWH deu a Israel o pacto, a Torá, os serviços, os oráculos e as promessas (Romanos 9:4-5; 3:2), que eram divinos (Hebreos 9:1), no Monte Sinai, para ensinar acerca do Messias (Salmo 40:7). Com isto em mente, vejamos as lições espirituais que YHWH nos estava a transmitir no Pentecostes
1- Dois Pães com Levedura para Oferta Movida (Levítico 23:15-17).
Esta devia ser uma nova oferta para YHWH (Lev. 23:16; Núm. 28:26). Deviam ser preparados dois pães levedados como oferta movida. Na Páscoa era proibido o fermento (Êx. 12:15; 19-20) e na oferta de grão tampouco de permitia (Levítico 2:1,4-5, 11). Como sabemos que o fermento representa o pecado (1 Corintios 5:6-8; Gálatas 5:9). A Páscoa e a Festa dos Pães Asmos apontavam para a morte de Yeshua, que não tinha pecado.
Não obstante, em Shavuot (Pentecostes), YHWH ordena pão fermentado, justamente o oposto. Porquê? Vejamos, Shavuot (Pentecostes) fala-nos acerca do nascimento de Israel como uma nação fiel ao Eterno, assim como o nascimento da congregação (igreja) de crentes em Yeshua através do Espírito de Santidade. Os dois pães simbolizam os naturais e os enxertados. Enquanto a Páscoa aponta para Yeshua que é sem pecado, o Pentecostes fala-nos de Israel no qual ainda existe pecado. Dois são os pães da oferta, e o número dois nas escrituras representa o número de testemunhas ou de testemunho. Vejamos que nós temos dois testemunhos de fé que no fundo são um, a Torá e o Testemunho de Yeshua, que é como dizer, a Torá Escrita dada por Moisés, e a Torá Viva manifestada na Pessoa de Yeshua.
Na Bíblia a verdade é estabelecida com o testemunho de duas testemunhas (Mat. 18:19-20; Deut. 19:15; João 5:30-33; 36-37; Luc. 24:44; 1 Jo. 5:8; Ap. 12:11; 11:3). Os Dez Mandamentos foram gravados em duas tábuas de pedra (Êx. 31:18). Também a Torám, que é resumida em Dez Mandamentos se cumpre quando se obedecem a dois mandamentos (Mat. 22:34-40). O Messias e o Seu povo testificam o amor e o plano de YHWH para toda a humanidade. A oferta de grão devia ser consumida pelo fogo sobre o altar. O fogo é usado para eliminar o pecado da vida dos crentes no Messias (1 Coríntios 3:13-15; 1 Pedro 1:7). Como a nossa carnalidade não suporta o fogo, somos imersos na água do batismo para limpar os nossos pecados conforme o que nos diz o mandamento da Torá (Números 31:23), mas isso implica que haja uma predisposição interna no nosso coração para reconhecermos que somos pecadores e que haja arrependimento por isso. É exigido aos verdadeiros crentes que vivam uma vida justa diante de YHWH (Deut. 16:20; 30:6; 30:19; Efésios 4:17-32; 5:1-13; Efésios 6:3; Colossenses 3:1-3; Romanos 8:1-4). É pois, necessário um caminho de santificação, sem o qual ninguém verá Elohim (Hebreus 12:14).
2. Duas dízimas de farinha fina (Levítico 23:17)
Para produzir farinha fina, esta deve ser moída. A farinha fina refere-se ao processo de refinação pela qual a nossa fé deve passar através de provas, tentações e sofrimento, para que possamos alcançar a imagem do Messias Yeshua (Zacarias 13:9; Romanos 5:3-5; 8:29,35-39; 2 Corintios 1:3-11; 1 Pedro 1:7; 4:12-19; Apocalipse 3:18).
Yeshua era de facto o trigo que foi plantado na terra (João 12:24; 1 Coríntios 15:35-38,42-44) o primeiro a ser colhido (a ressuscitar) entre muitos. Como o trigo é moído e refinado para converter-se em farinha fina, da mesma forma o Messias foi moído e golpeado para se converter nessa farinha fina (Isaías 28:28; 52:14; 53:1-6; Salmos 81:16; 147:14).
3. Santos serão a YHWH para o sacerdote (Levítico 23:20)
Ainda que os dois pães movidos tivessem levedura, YHWH conotou-os como santos para o sacerdote. Como mencionámos anteriormente, os dois pães movidos que o sacerdote movia representavam os ramos naturais e enxertados da Oliveira (Israel). Apesar de Israel ser pecador, tanto naturais como os enxertados procuram servir e amar a YHWH de todo o seu coração, e por essa razão somos considerados santos diante de YHWH (Deut. 7:6-8; 14:2; Lucas 1:68; 72-75; Efésios 51:4; 5:27; Colos. 1:22-24; 1 Tess. 4:7; Tito 2:12; 1 Pedro 1:15-16).
4. Um Estatuto Perpétuo (Levítico 23:21)
O Espírito Santo veio habitar no coração dos Crentes para sempre (João 14:16-17). Portanto os crentes devem viver uma contínua experiência do Pentecostes, diariamente.
5. A Festa da Colheita dos Primeiros Frutos (Êxodo 23:16; 34:22; Números 28:26)
Shavuot é chamado de Festa das Semanas, a Festa da Colheita ou a Festa das Primícias ou Primeiros Frutos. Durante a semana da Páscoa (Pêssach), era feita a colheita da cevada e em Shavuot (Pentecostes), era feita a colheita do trigo (Êxodo 34:22; Rute 1:22; 2:23; Joel 1:11).
Israel era chamado a terra da cevada e do trigo (Deuteronómio 8:7-8; 2 Crónicas 2:15; Jeremias 41:8). À colheita da primavera da cevada e do trigo, segue-se a grande colheita no outono. Tanto as colheitas da primavera como as de outono, dependia das chuvas virem no tempo apropriado. A chuva de outono é chamada temporã, a de primavera é chamada chuva serôdia. A chuva temporã é mencionada em Deuteronómio 11:10-15; 28:12; Levítico 26:4; Joel 2:23,28-29; e Zacarias 10:1.
A chuva é profética do derramamento do Espírito de Santidade sobre as vidas daquelas pessoas, que aceitam Yeshua nas suas vidas e permitem que o Espírito Santo lhes ensite e as instrua nos caminhos do Eterno.
A chuva temporã e serôdia também nos ensina sobre o derramamento do Espírito de Elohim de forma geral sobre toda a carne. A temporã refere-se ao derramamento do Espírito Santo durante a primeira vinda de Yeshua e a serôdia do derramamento do Espírito Santo durante a segunda vinda de Yeshua.
Como podemos constatar, a colheita refere-se à salvação das pessoas. A colheita da primavera marca o início da colheita das pessoas que receberam Yeshua como o Messias, sendo a grande colheita no final desta era (Mat. 13:39; 9:37-38; Marcos 4:29). A colheita de outono ou a colheita do final da presente era (Olam Hazeh), levar-se-á a cabo no sétimo mês do calendário de YHWH. O Pentecostes cai na primavera. Entre Shavuot (Pentecostes) e a colheita final no outono passam cerca de quatro meses (João 4:34-35). A colheita do outono é a colheita dos frutos.
YHWH disse que a vinda de Yeshua seria como a chuva temporã e a chuva serôdia sobre a terra (Oseias 6:1-3; Joel 2:23). Tiago relaciona a vinda de Yeshua com a chuva temporã e a chuva serôdia (Tiago 5:7).
A morte, sepultura e ressurreição de Yeshua sucedeu na primavera; assim como o derramamento do Espírito de Santidade, e todos aqueles que creram constituem os primeiros frutos da colheita e são parte da colheita da primavera. A segunda vinda de Yeshua será durante o Outono e um grande número de pessoas crerá entretanto. Yeshua falou acerca desta grande colheita no final da era presente (Olam Hazeh) em Mateus 13:39; 24:13-14 e Apocalipse 14:6, 15-16. Uma colheita de ofertas voluntárias (Deut. 16:9-11, 16-17).
Como crentes em Yeshua, quando nos apresentamos diante de YHWH, devemos dar de nós mesmos, incluindo o nosso tempo, talentos e bens e apresenta-los diante dEle com um coração circunciso (Actos 4:32-37; 1 Coríntios 16:1-2; 2 Coríntios 8:9).
A Conclusão das Festas da Primeira
Com esta festa concluem-se as festas da primavera. As Festas além de terem sido ordenadas por YHWH, são eventos históricos para a nação de Israel; que se cumpriram no Messias Yeshua; e descrevem também a forma que o crente deve caminhar e viver a sua vida diante de YHWH. Por outras palavras, podemos ver que YHWH tem um plano para que cada indivíduo se possa aproximar dEle voluntariamente. Assim, as festas da primavera não são apenas históricas, mas servem também como figuras e exemplos (1 Cor. 10:1-2, 6, 11).
Para Israel, a Páscoa simboliza a libertação do Egipto e a redenção de Israel. A Festa dos Pães Asmos representa a saída da terra do Egipto através da passagem pelo Mar Vermelho (batismo) e na Nuvem no deserto (1 Cor. 10:1-2). Finalmente YHWH levou o povo ao Sinai onde eles experienciaram o Pentecostes onde YHWH se revelou a Si mesmo, ao povo numa forma mais profunda do que antes.
Da mesma forma, as Festas da Primavera foram cumpridas em Yeshua. O Messias, o verdadeiro cordeiro Pascal, morreu na Páscoa, a 14 de Abib. Ele não tinha pecado (sem mancha ou defeito) e é o Pão da Vida. Yeshua ressuscita como representação das Primícias da colheita da cevada, sendo o primeiro daqueles que irão ressuscitar dos mortos e receber o corpo ressurecto e incorruptível. Finalmente, o Espírito de Santidade foi derramado sobre todos os presentes naquela festa de Pentecostes para que todos os crentes no Messias se unissem para formar parte de uma colheita espiritual na primavera. Estas festas descrevem em detalhe os eventos significativos que se deram durante a primeira vinda de Yeshua, quando veio como Messias sofredor para redimir o homem e a terra e devolver-lhes o estado em que se encontravam antes da queda do homem, a reconciliação com YHWH. Da mesma forma, vemos que as festas de outono apresentam-nos uma perspectiva e entendimento acerca dos acontecimentos que devem ocorrer na segunda vinda de Yeshua. Então, Ele regressará como Rei dos Reis e verá à terra como o Messias que todos esperam, aquele que reinará com justiça sobre toda a terra durante o Milénio.
Cada vez que uma pessoa recebe Yeshua como o Messias e como seu próprio Salvador, passa espiritualmente pela Páscoa. Então, deve fugir do Egipto (o sistema corrupto e iníquo do mundo) e depositar a sua fé e confiança no Messias, o Cordeiro de YHWH e permitir que este entre no seu coração. Como crentes devemos então procurar viver uma vida santa diante de YHWH e comer pães não fermentados. Assim como Yeshua se levantou dos mortos, nós devemos considerar a nossa anterior forma de viver como morta, e experimentar uma nova vida no Messias. Uma vez que o façamos, podemos ser batizados no Espírito, e partilhar desse Espírito (a unção) nas nossas vidas. Nesse momento, YHHW começara a trabalhar no nosso coração, e guiar-nos-á numa viagem espiritual através do deserto da vida.
Mesmo que tenhamos desilusões amargas e problemas na nossa vida, se lograrmos manter a nossa vida virada para YHWH, Ele levar-nos-á de Pêssach (Páscoa) ao Shavuot (Pentecostes), onde Ele nos revelará os Seus caminhos e a Sua Palavra, as Sagradas Escrituras, de uma forma mais profunda e progressiva. Ao manter a nossa visão firme no Messias, YHWH não só nos revelará a Sua Palavra, de uma forma profunda, mas também refinará a nossa fé como farinha fina, tal como se faz com o trigo. Enquanto isso, se depositarmos a nossa fé em Yeshua através da nossa travessia espiritual no deserto da vida, uma vez que refina a nossa fé e se revela a nós de uma forma mais profunda, a nossa viagem espiritual não terá o seu final do deserto da vida. Bem melhor, YHWH levar-nos-á adiante para que possamos experimentar as festas de outono, e cheguemos à terra prometida espiritualmente. Quando experienciamos as festas de outono de uma forma espiritual, especialmente a festa dos tabernáculos (sukkot) e chegamos à terra prometida espiritual, então YHWH abençoará as nossas vidas de uma forma incrível, desde que vivamos para Ele e que o sirvamos. Então poderemos experimentar o maior gozo que jamais tivemos na nossa vida. Disto se trata a festa dos tabernáculos. É chamada “a época de regozijo” e esse regozijo é o que devemos esperar quando aprendemos acerca das Festas de YHWH, o Plano de redenção de YHWH para a humanidade. SHALOM.
A FESTA DE PENTECOSTES NESTE ANO DE 2013 cai no dia 19/05/2013 (50 dias após as prímicias da cevada), este é um Dia Solene de Santa Convocação e de repouso.
Shalom